Por Maria Luiza Reis, DSc.
Presidente da Assespro RJ, CEO da Lab245 Software
O empenho crescente de diversas empresas para aumentar a participação feminina tem motivações sociais, mas principalmente econômicas e ações para alcançar a meta de 50% de mulheres tem se visto presente em mais organizações de diversos portes.
As motivações são muitas:
A empresa com diversidade em todos os níveis está mais apta a oferecer produtos adequados a um público mais diverso e maior.
Em um mundo que precisa inovar para ganhar mercado com novas ideias, retirar 50% das mentes criativas do processo é abrir mão de ser inovador.
Mais mulheres nas equipes equilibram o ambiente de trabalho reduzindo tensões do dia a dia.
Alguns ainda defendem que mulheres tem mais capacidade de ouvir e interpretar, sendo mais precisas no levantamento de requisitos diminuindo o retrabalho no desenvolvimento de soluções.
Eu diria, no entanto, que existe uma razão mais forte do que as anteriores: nenhuma experiência prática ou conceito cultural nos leva a acreditar que mulheres tem desempenho mais fraco atuando em tecnologia. O empresário e o gerente mais atento percebe com clareza que o desempenho das mulheres nessas atividades não difere do masculino e, consequentemente, o fato de ter menos mulheres atuando no setor é uma deficiência do mercado de trabalho e precisa ser corrigida rapidamente.
Para reduzir essa distorção, deve-se dar atenção à participação feminina na empresa como um todo: desde a entrada de jovens mulheres nas diversas atividades, como também no equilíbrio de mulheres em posição de C-Level para que os processos nos níveis abaixo não sofram distorções ao longo do caminho e as decisões do conselho sejam coerentes com a iniciativa.
É fato que as coisas estão mudando, mas não sem esforço. Muitos movimentos contam com o apoio e engajamento masculino e isso é essencial.
O movimento para mulheres na STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) conseguiu uma forte adesão mundial e já é possível observar um aumento gradual da participação feminina na tecnologia de grandes empresas.
Recentemente, a Assespro RJ, organizou uma pesquisa junto aos seus associados para avaliar a participação feminina nas empresas de tecnologia fluminenses. Os dados ainda estão chegando mas já é possível identificar uma tendência de equiparação do trabalho feminino.
Até o último levantamento, 49% da força de trabalho nas associadas da Assespro RJ é feminina, isto é, total de mulheres nas empresas dividido pelo total de trabalhadores. Entretanto, o percentual médio de participação feminina, isto é, a média da participação feminina nas empresas independentemente do seu tamanho é menor, ficando em apenas 29,6%.
O desempenho feminino cai muito quando falamos de representante junto à associação. Normalmente, o representante junto à Assespro-RJ é o próprio presidente da empresa ou um executivo de nível de diretoria. O percentual de representantes mulheres é de 15,8% do total.
Como o Brasil e o Rio de Janeiro podem se beneficiar de um aumento de participação feminina no ambiente de tecnologia? Como a tecnologia é um setor crescente em todo mundo, amplamente usada em todas as classes sociais, surgem inúmeras oportunidades para startups. A inserção de mulheres nesse mercado multiplica o horizonte de empreendedorismo inovador por dois, com mais qualidade de vida, mais empregos qualificados e mais arrecadação.
O que podemos fazer para aumentar essa visibilidade? Na última quinta-feira participei do evento de lançamento do Conselho Consultivo de Mulheres na Tecnologia promovido na Assespro AL. Tive oportunidade de proferir algumas palavras de apoio a esse grupo de mulheres com uma formação acadêmica de ponta que partiu para empreender e trazer outras mulheres para o nosso negócio. Ao final do evento, nos foi pedido para lembrarmos sempre de defender essa pauta e incentivamos a mulher a atuar em todos os setores da empresa de tecnologia: da programação, à diretoria passando pelo comercial.
No momento em que todos os setores da sociedade pensam no crescimento econômico, nunca foi tão necessário tocar no tema de inclusão feminina na tecnologia. A força da mulher lado a lado com o homem poderá ser o gatilho para a virada econômica do Brasil.
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