O BNDES e a Indústria do Conhecimento, investimentos com elevado retorno social, onde bancos privados não chegam.
O BNDES e a Indústria do Conhecimento, investimentos com elevado retorno social, onde bancos privados não chegam.
Por Marcio Lacs, presidente da Assespro-RJ
Um dos principais fatores, se não o
principal fator, para superação de desigualdades, criação de emprego
qualificado e propagação do bem-estar é a informação ou conhecimento.
Atualmente o conhecimento é fundamental para o desenvolvimento econômico
em praticamente todas as atividades econômicas e sociais. Na era da
Sociedade do Conhecimento ou da Informação, as inovações tecnológicas
aplicadas a todos os setores e a todas as atividades de nosso dia a dia,
ocorrem de forma avassaladora. Em todos os países do mundo, o Setor TIC
ou Setor da Tecnologia da Informação e Comunicações é o setor que
projeta a civilização em direção a esta tão famosa Sociedade do
Conhecimento.
A mudança para a Sociedade do
Conhecimento é irrevogável e irretratável. Já fazemos parte dela e em
nada isso depende de nossas vontades. Para se ter uma ideia, nos
encontros do nosso setor costumamos brincar dizendo: “Quem imaginaria o
mundo caso as APP’s ou Softwares parassem todos de funcionar por um
único dia? “ Esta singela brincadeira sugere a dimensão e importância da
indústria TIC.
No Setor TIC, um dos maiores desafios é
identificar, desenvolver e gerir de forma inteligente o principal ativo
que é o conhecimento. Este conhecimento está com as pessoas que compõem
as organizações TIC, principais indutoras desta nova era. Existem
mecanismos para a proteção da propriedade intelectual. Na pratica estes
mecanismos só se mostram eficientes para poucas situações de marcas ou
patentes industriais, até porque, na parte autoral, por incrível que
pareça, a dinâmica do setor faz com que geralmente nossos entregáveis
sejam perecíveis ou de rápida obsolescência.
Na nova Economia os fatores tradicionais
de produção, como capital, terra e trabalho passam a ter sentidos
diferentes. Estes sentidos diferentes refletem diretamente na forma que o
setor financeiro se relaciona com as empresas de TIC. De forma geral é
difícil conseguir investimentos de longo prazo para escalar atividades
quando os principais ativos do negócio não são terrenos, maquinas ou
filiais. Em um país onde o setor financeiro trabalha com visões e
operações de curto prazo, e prospera com esta visão, precisamos ter
meios para que o investimento aconteça de forma diferenciada no setor.
O BNDES tem o bem-sucedido programa
PROSOFT, criado em 1998 e que estará disponível até 2017. O programa foi
feito para financiar planos de negócios de empresas de software e
serviços de tecnologia da informação sediadas no Brasil. O objetivo do
programa é contribuir para o desenvolvimento da indústria nacional de
software e serviços de Tecnologia da Informação, por meio do
fortalecimento de empresas nacionais – apoio a investimentos produtivos,
inovação, processos de consolidação e internacionalização empresarial; e
da atração de empresas multinacionais que posicionem o Brasil em suas
estratégias globais de desenvolvimento, com agregação significativa de
valor local e/ou exportação a partir do País. Em resumo, é um
investimentos com elevado retorno social que os bancos privados não
alcançam.
O programa PROSOFT já fez surgir TIC’s
multinacionais genuinamente brasileiras. A mais conhecida delas talvez
seja a TOTVS. São mais de uma centena de empresas que cresceram com o
programa São a Lynx, Stefanini, Memora, Módulo, entre várias outras
companhias que muito nos orgulham. Podemos garantir que hoje muitas
empresas TIC somente conseguiram passar por esta recente iniciada fase
econômica perversa graças ao programa PROSOFT.
Nós, empresários do setor TIC estamos
muito felizes e concordamos com a visão que a nova Diretoria do BNDES
traz, achamos que o BNDES deve parar de emprestar dinheiro sempre para
as mesmas empresas e consideramos de suma importância e necessário dar
continuidade e ampliar o programa PROSOFT. É ainda fundamental mencionar
também o retorno social do PROSOFT: na área da Tecnologia da
Informação, a grande maioria das empresas são de pequeno e médio porte,
embora estatisticamente sejam as que maior número de empregos geram pelo
valor do capital investido. Entendemos também que é importante ao BNDES
promover estudos para que se possa repassar o aprendido no PROSOFT para
outros setores da sociedade e economia. Este entendimento pressupõe uma
imensa oportunidade de disseminar democraticamente o desenvolvimento
econômico e social que nos leve em direção a uma sociedade mais justa.
Segundo Peter Drucker “As atividades que
ocupam o lugar central das organizações não são mais aquelas que visam
produzir ou distribuir objetos, mas aquelas que produzem e distribuem
informação e conhecimento”.
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