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Exportação: uma realidade possí­vel

Exportação: uma realidade possí­vel

Mercado Externo para PMEs: Uma boa oportunidade?

O Brasil é um paí­s de grandes paradoxos. Veja o setor de TI, dito como estratégico, mas não tem uma polí­tica voltada para ele. Outro exemplo são as pequenas empresas, base de nossa economia, mas sempre esquecidas na hora dos incentivos e polí­ticas setoriais. Daí­ a dificuldade das pequenas empresas de TI. Triste, não? Com grande frequência, surgem declarações de que Tecnologia da Informação é uma área prioritária para o Brasil e que a meta é, não sei se é sonho, de se atingir a marca de U$ 2 bilhões em exportação.
A economia do nosso paí­s, como qualquer paí­s em desenvolvimento, é dependente de pequenas empresas. Ainda bem! Pois, é aí­ onde se encontra a mais pura expressão do espí­rito nacional, através da criatividade, competência, flexibilidade e capacidade de solucionar problemas. Não sou contra grandes empresas e corporações, acredito que são muito importantes para o paí­s, inclusive, trabalho para que a minha empresa, um dia, possa ser considerada uma das grandes, no Brasil e no mundo. E tenho observado que empresa pequena dificilmente demite seus empregados, simplesmente porque é difí­cil contratar, é caro treinar e muito complicado “inchar e desinchar”. Nas empresas pequenas, não podemos nos dar ao luxo de errar, sob pena de morrer. Por isso, o que quero dizer é que as decisões em uma pequena empresa, apesar de ágeis, “não podem ter espaço para margem de erro!”
O processo de internacionalização de uma pequena empresa de TI não é fácil, pois, além de tudo, existe escassez de recursos. No caso de pequenas empresas, o segredo do sucesso está na elaboração de um modelo ajustado para seu porte e perfil de atuação. É muita falta de imaginação adotar um modelo de atuação semelhante ao indiano. A realidade da TI na índia é diferente, se estruturaram e se prepararam para se tornarem exportadores de código. Toda a indústria da certificação foi montada para nortear os contratos de serviço entre EUA e ͍ndia. Ora, enquanto ficarmos correndo atrás de um modelo igual ao deles, estaremos sempre atrasados e, consequentemente, com baixa competitividade. Nosso cenário, nossa realidade é bem diferente. Temos um bem que deveria ser melhor explorado: o conhecimento. Não somos apenas codificadores, mas podemos agregar valor ao serviço.
Não podemos cair na armadilha de criarmos “fábricas de escriturários”, onde apenas se “escreve (codifica)” sem condição de validar ou perceber algo na especificação. A diferença no Brasil é ter o mercado dividido em células de conhecimento, pois nosso mercado interno demanda soluções, que geram pesquisa e, consequentemente, conhecimento. Não importa qual o tipo de atuação, se exportando serviços, licenciando produtos ou realizando outsourcing. Entendemos que as empresas brasileiras têm conhecimento a agregar, e é aí­ que podemos atuar e ter boas oportunidades.
O preocupante é que o governo não enxerga coisas simples. As medidas governamentais de incentivo pouco ajudam as pequenas empresas, já que basicamente estimulam a implantação de grandes plantas de fábricas de software, onde só grandes empresas podem atuar, devido ao ní­vel de investimento necessário. O que está acontecendo é que ao invés de vendermos algo de grande valor, estamos “emburrecendo”. Isso é grave! Não podemos ser reféns de multinacionais que montam plantas enormes para fornecimento de outsourcing e que fomentam, cada vez mais, o surgimento no mercado de profissionais com baixo ní­vel de formação. Tal prática é um negócio perigoso, pois, no momento em que algum outro lugar passar a oferecer condições um pouco melhores, mudar a localização da fábrica é fácil e barato. Assim, paí­ses emergentes como o nosso correm o risco de, repentinamente, serem abandonados.
Uma estratégia interessante que pode ser adotada por pequenas empresas, é a de licenciar produtos no exterior através de parcerias e customizar estes produtos por meio de serviços de outsourcing. Assim, quanto mais se licencia, mais serviço diferenciado e de valor poderá ser gerado. Com isso, cria-se um crescimento gradual que, além de contribuir para o aumento de massa crí­tica, poderá ensejar um planejamento em bases sólidas, gerando empregos, desenvolvimento e, sobretudo, contribuindo para nossa balança comercial. A criação de associações para atuação em conjunto e a participação em missões internacionais constituem um bom iní­cio para os pequenos empresários que se interessam pelo mercado externo.
Se pudesse dar um conselho único a quem está iniciando ou pensando em iniciar uma atuação no exterior, seria: tenha respostas. Ao conversar com um parceiro e/ou cliente, diversas questões surgirão e para elas deve-se ter respostas imediatas. Acordos de parcerias, NDAs – Non Disclosure Agreements, modelos comerciais, isso tudo deve estar planejado e pronto para ser utilizado pelo empresário. É claro que, no caso dos pequenos, toda situação é nova, mas é imprescindí­vel ter uma base. Esta preparação é um fator fundamental para o sucesso. Após a preparação inicial, é recomendável priorizar a participação em eventos internacionais no Brasil. Existindo recursos, a participação em uma missão internacional, como observador, pode economizar muito tempo e recurso no médio prazo.
O grande problema é que precisamos de decisões ágeis e uma polí­tica fundamentada para que possamos participar como protagonistas no mercado internacional de TI. Enquanto isso, em outros paí­ses como China, Vietnã e Tailândia (sem mencionar índia), existe uma clara polí­tica de incentivos e um tratamento prioritário para TI. Infelizmente, no Brasil, o que prevalece são os discursos em detrimento de ações objetivas. Fica apenas, portanto, a vontade de se tornar um player no mercado internacional. De concreto, temos somente os esforços empreendidos por nossas empresas, que, em casos isolados de sucesso, vão conquistando o respeito mundo afora.
Por Alberto Blois, diretor da Assespro-RJ

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